sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Black Eyed Peas faz em SP espetáculo de ficção científica com música para consumo imediato

Fergie durante show do Black Eyed Peas no estádio do Morumbi, em São Paulo (04/11/2010)

Música para consumo imediato. Foi esse o acordo que o Black Eyed Peas fez com o público ao entrar no palco montado no Morumbi, em São Paulo, para o último show no país de uma série de apresentações que já havia passado por oito cidades brasileiras. Essa era a condição: cantar os refrões grudentos e dançantes, e manter os corpos em movimento. E foi o que cerca de 60 mil pessoas concordaram na noite desta quinta-feira (4), quando o quarteto de Los Angeles surgiu com suas batidas frenéticas para um espetáculo sci-fi de 2h10 de duração.

O último show no país da turnê bem-sucedida do Black Eyed Peas teve a participação do DJ e produtor David Guetta. "Estou aqui para tentar aquecer vocês para o show do Black Eyed Peas", disse ele. Entre seus trabalhos "Love is Gone" e "The World is Mine", e a recente parceria com Kid Cudi em "Memories", o DJ francês antecipou a presença de Fergie na noite, convidando a musa para cantar "Gettin' Over You". Mas a surpresa da festa foi quando surgiu no palco o cantor Akon para cantar "Sexy Bitch".


Depois de pouco mais de uma hora de pausa, as luzes do estádio se apagaram às 22h para a entrada do Black Eyed Peas. O rosto de cor verde que estampa a capa do disco "The E.N.D." apareceu no telão convocando os quatro integrantes, que surgiram em um elevador de dentro do palco. Acompanhados de uma banda de apoio, o quarteto trouxe no início o foco na pista de dança. Foi o papel cumprido pelas duas faixas de abertura: "Let's Get It Started", pedindo para que se "perca o controle do corpo e da alma, perca a cabeça, essa é a hora", e na sequência "Rock That Body".

O palco do Black Eyed Peas é como um cenário de ficção científica hollywoodiana. O que não refletia brilho por si só, ganhava uma ajuda dos raios de LEDs que saiam em direção a multidão. Os trajes futurísticos dos integrantes pareciam fazer parte do cenário, assim como a plateia que levantava objetos de neon compartilhando com a cena elaborada.

Os holofotes também iluminaram individualmente cada um do Black Eyed Peas, quando uma nave espacial foi projetada nos telões chamando a participação de Apl.de.ap. Ele surgiu sozinho para um medley de "Bebot" e "Mare", juntando a passos de break. Taboo veio em seguida, em detalhes de video-game, cantando "Rockin To The Beat" e convidando o cantor colombiano Juanes para dividir os vocais de "La Paga" através do telão.

Fergie, a que melhor conseguiu levar uma carreira fora da banda, fez um pocket-show de seu disco solo "The Dutchess", emendando "Fergalicious", "Glamourous" e "Big Girls Don't Cry". Will.i.am se transformou em I.am.robot e assumiu as picapes para um DJ set. Na discotecagem, de cerca de dez minutos, ele abriu com "Magalenha", do brasileiro Sergio Mendes, e emendou uma colagem de sucessos de Michael Jackson, Red Hot Chilli Peppers, Blur, Nirvana, Guns N'Roses e o tema do filme "Dirty Dancing", "The Time Of My Life".

É essa metade do show que coloca cada um dos quatro integrantes em seus devidos lugares, sendo os de mais destaque para Fergie e Will.i.am. Ele é o dono da festa, mas é ela a grande estrela, enquanto Apl.de.ap e Taboo mantêm posições modestas. Fergie se diverte como símbolo sexual, rebola, destaca suas curvas e lembra que também tem um microfone para cantar. Apesar de arriscar destrezas vocais, essa não é das melhores qualidades de Fergie. Mesmo com o volume de seu microfone mais baixo do que o de seus amigos durante todo o show, a voz dela soava estridente em músicas como "Missing You", enquanto Will abusa dos efeitos de Auto-Tune.

O repertório trouxe músicas da "era Fergie", ignorando os dois primeiros álbuns de quando o Black Eyed Peas era ainda um trio masculino. De "Don't Phunk With My Heart" e "Meet Me Halfway", passando por "Where's the Love?", "Don't Lie", "Shut Up" e "Pump It", com sua introdução sampleando Dick Dale. Em "Mas Que Nada", música de Jorge Ben Jor que foi adaptada pela banda junto ao brasileiro Sérgio Mendes, levou passistas de samba para o palco, que ganhou adornos da bandeira do Brasil e luzes em verde e amarelo.

Entre um hit e outro, a banda declarou mais uma vez seu amor pelo país, com Will repetindo o que disse em outras cidades: "vou comprar uma casa aqui", enquanto dizia que Jorge Ben Jor é seu herói, que Antonio Carlos Jobim é o melhor compositor do mundo e que adora feijoada, açaí, samba e guaraná. Em tom político, Will lembrou da última vez que esteve por aqui. "Estive aqui há cinco anos e agora vejo que o Brasil está melhor, mais forte. Vocês são pessoas felizes e sabem que daqui cinco anos estarão melhores. Espero que o novo presidente ajude o país a crescer mais".

Ao final do discurso, Taboo e Apl chamaram "Party All The Time", indicando que a festa não havia acabado. Ainda viriam "Boom Boom Pow" e o megahit "I Gotta Feeling", uma das músicas mais tocadas de 2009 e a faixa mais vendida digitalmente da história com mais de 5 milhões de downloads. Os versos "algo me diz que hoje a noite vai ser boa" sugeriam que a festa não terminaria ali. Depois do show, a banda seguiu para uma casa noturna na Zona Oeste de São Paulo, junto a David Guetta, enquanto ainda cantavam: "esta é a noite, vamos viver ao máximo".

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